domingo, 16 de outubro de 2011

É no amor que cada pessoa humana dá a Deus aquilo que é de Deus e a César o que é de César.

"Eles responderam: De César". 
Jesus então lhes disse: “Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. 
Mateus 22.21)


  O Evangelho desse quadragésimo segundo domingo do ano (29º domingo do tempo comum), convida-nos a refletir acerca da forma como devemos equacionar a relação entre as realidades de Deus e as realidades do mundo. Diz-nos que Deus é a nossa prioridade e que é a Ele que devemos subordinar toda a nossa existência; mas avisa-nos também que Deus nos convoca a um compromisso efetivo com a construção do mundo.

     Confrontado com a questão, Jesus convidou os seus interlocutores a mostrar a moeda do imposto e a reconhecerem a imagem gravada na moeda (a imagem de César). Depois, Jesus concluiu: “dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” (Mateus 22.21). O que é que esta afirmação significa? Significa uma espécie de repartição equitativa das obrigações do homem entre o poder político e o poder religioso? Provavelmente, Jesus quis sugerir que o homem não pode nem deve alhear-se das suas obrigações para com a comunidade em que está integrado. Em qualquer circunstância, ele deve ser um cidadão exemplar e contribuir para o bem comum. A isso, chama-se “dar a César o que é de César”. No entanto, o que é mais importante é que o homem reconheça a Deus como o seu único Senhor.
      As moedas romanas têm a imagem de César: que sejam dadas a César. O homem, no entanto, não tem inscrita em si próprio a imagem de César, mas sim a imagem de Deus, “Deus disse: ‘façamos o homem à nossa imagem, à nossa semelhança’ (Gênesis 1.26), Deus criou o ser humano à sua imagem, criou-o à imagem de Deus” (Genesis 1.27), portanto, o homem pertence somente a Deus, deve entregar-se a Deus e reconhecê-lo como o seu único Senhor.
     Jesus vai muito além da questão que lhe puseram… Recusa-se a entrar num debate de caráter político e coloca a questão a um nível mais profundo e mais exigente. Na abordagem de Jesus, a questão deixa de ser uma simples discussão acerca do pagamento ou do não pagamento de um imposto, para se tornar um apelo a que o homem reconheça Deus como o seu Senhor e realize a sua vocação essencial de entrega a Deus (ele foi criado por Deus, pertence a Deus e transporta consigo a imagem do seu Senhor e seu Criador). Jesus não está preocupado, sequer, em afirmar que o homem deve repartir equitativamente as suas obrigações entre o poder político e o poder religioso; mas está, sobretudo, preocupado em deixar claro que o homem só pertence a Deus e deve entregar toda a sua existência nas mãos de Deus. Tudo o resto deve ser relativizado, inclusive a submissão ao poder político.

(Mateus 22. 15-21)

Http://jesuitasbrasil.blogspot.com/2008/10/evangelho-dominical-mt-2215-21.html
   

      

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