domingo, 20 de novembro de 2011

E todos serão reunidos e separados por Ele

Todos os povos da terra serão reunidos diante dele, e ele separará uns dos outros, assim como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. E colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda”.
Mateus 25.40

     Evangelho desse quadragésimo sétimo domingo do ano (34º domingo do tempo comum),  nesta mensagem Jesus nos alerta seriamente sobre o dia do grande julgamento, no qual, Ele será o Rei que se assentará no seu trono e vai julgar todos os povos da terra, onde todas as nossas obras serão reveladas e através dela uns ganharão as boas vindas para estarem para todo o sempre ao lado do Senhor nos céus, outros serão condenado ao fogo do abismo, um local preparado para o diabo e seus anjos, mas ali será posto todos aqueles que não encontrarem seu nome escrito no livro da vida. Jesus requer de cada um de nós a responsabilidade no servir a Ele em todo o tempo em plena obediência a Ele e aos seus mandamentos. Hoje é dia meu amado de refletir na sua condição de vida diante de Cristo, meditar em suas palavras e ver como estar sua vida perante elas; como estar?  Estar preparado para estar diante do Trono de Cristo e ser julgado? Em que lado você sente que Jesus te colocará; a sua direita ou a esquerda? Você é uma ovelha ou cabrito?  O tempo de pensar chegou, pois ainda há tempo para mudar, se arrepender, façamos isso enquanto podemos, porque diante deste trono não caberá a nós ousar sequer dizer uma palavra, pois ali será o dia de sermos julgados.
     Já parou para pensar como será este julgamento, o trecho da escritura é bem claro que diz e ele separará uns dos outros, assim como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. E colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda”. (Mateus 25.32-33),  realmente hoje as pessoas  não estão preocupada em pensar  sobre esse  grande dia, que  ainda virá, onde  todos estarão perante Ele para apresentar  tudo que fizeram debaixo do sol, todas as obras  estão registrada no livro das obras, onde serão lidas, mostradas, o que tens feito? Como se sentiria em que seja mostrado perante todos os reunidos tudo que tenha feito, tenha dito, tenha deixado de fazer ou nunca tenha se interessado em fazer? Sabemos que pregar é bem fácil, mas não foi para isso que Ele nos chamou, antes deu tudo para sermos cumpridores de sua palavra, sendo servo que obedece seu Senhor e o teme em todo o tempo, andando em prontidão, honestidade, vigiando em todo o tempo, procurando cada instante viver o que Cristo ensinou.
     A sua direita serão posta as ovelhas, a esquerda os cabritos, Ele mesmo irá separar em dois rebanhos, será um momento que as pessoas levarão um susto ao ser separado, pois quantos hoje na terra se gloria de dizer “que estão salvos, que estão corretos, que são santos”, e acabam humilhando o seu próximo, apontando para este suas falhas, seus atos e pecados, pessoas que agem desta forma esquece que o Juiz é Jesus, que somos todos discípulos que estão aprendendo com o Mestre, espero que seja com Ele que você deseja ardentemente aprender, que seja por Ele que tenha profundo amor e que sua devoção seja servir a Cristo. Sabemos que as ovelhas são as que ouvem a voz do seu Pastor e segue-o, onde quer que Ele guie-as, caminham ao lado Dele, pois Ele tem o alimento essencial para sua vida; quanto aos cabritos já entendemos serem os que tentam andar, mas seguem seus próprios conceitos, suas idéias, seus desejos, pensam estar seguindo ao Senhor, enquanto na verdade segue a si mesmo.
     O amor de Jesus envolve a vida das ovelhas a ponto de seguir o seu exemplo, de estarem estendendo as mãos ao seu próximo, fazer a obra de Deus requer disposição para alcançar para Cristo todos a sua volta e são conseguem fazer esta obra quem é movido de amor pelas almas, pois Jesus derramou seu precioso sangue na cruz do calvário, comprando-as para Deus. Você evangeliza? Onde? Como? E que pessoas você procura ensinar as sagradas escrituras?  Você vai até as pessoas ou cruzam seus braços esperando que elas te procurem? Amor de Jesus precisa mover nossa vida a ponto de estarmos sempre ocupados ensinando, evangelizando nas casas, ruas, praças, presídios, nos caminhos buscando alcançar os caído à beira das ruas, esse era o evangelho que Jesus pregava, sempre ocupado, buscando pessoas de toda as formas. Seja você uma ovelha, pois esta conhece a voz do seu Pastor, é movida de um amor que move sua vida, levando ate aos perdidos, procurando confortar, cuidar, zelar, deixar a verdadeira essência de Cristo.
     A liturgia deste domingo nos leva a reflexão sobre a nossa responsabilidade em estar fazendo a obra do Senhor com amor, estendendo as mãos ao nosso próximo, dedicando nossa vida ao Senhor, sendo fiel em todo o tempo, hoje é tempo de pensar, analisar nossas atitudes e atos diante da palavra do Senhor, sentir na alma que será posta a sua direita e receber as boas vindas de alegria para estar ao lado Dele para todo o sempre. Reflita amado do Senhor, faça hoje e agora, caso tenha andando como os cabritos, retorne ao seu Pastor, aprenda com Ele, arrependa-se o quanto antes, seja ovelha, pois esta ouve, obedece e tens a promessa de que estarás ao lado Dele.
        
(Mateus 25.31-46)



sábado, 19 de novembro de 2011

Viver o tempo presente em fidelidade ao Senhor

Depois de muito tempo, o patrão voltou e foi acertar contas com os empregados”.
Mateus 25.19

     Evangelho desse quadragésimo sexto domingo do ano (33º domingo do tempo comum), a expectativa e a vigilância convertem-se em responsabilidade pela transformação do mundo. A parábola dos talentos ressalta a vigilância como atitude de quem se sente responsável pelo Reino de Deus. E quem recebeu talentos – e não os faz render – pode ser demitido do Reino por “justa causa”.
     O Evangelho situa-se no quinto e último grande discurso escatológico, ou aquele que trata do fim último das coisas. O tema básico do discurso é a vigilância, ilustrada pela leitura dos sinais dos tempos, a parábola do empregado responsável, a das virgens prudentes e imprudentes e que vai terminar na festa de Cristo Rei, com o texto sobre o Juízo Final. Por trás da parábola dos talentos há um tempo de expectativa e de sofrimento. Na época em que Mateus escreveu o Evangelho, muitos cristãos estavam desanimados diante da demora da segunda vinda do Messias. Além disso, o converter-se à fé cristã acarretava perseguição e até morte. As comunidades se esvaziavam e o ardor por Jesus Cristo esmorecia. O evangelista escreve com o objetivo de reanimar a fé.
     Jesus apresenta-se como um Senhor que, antes de empreender uma viagem, reúne seus empregados e reparte com eles sua riqueza para que a administrem. A um deu cinco talentos, a outro dois e um talento ao terceiro: a cada um segundo sua capacidade. E viajou para longe. No retorno, Ele pede contas. Os dois primeiros fizeram com que os talentos rendessem em dobro. O último devolveu o talento tal qual tinha recebido, pois com medo de arriscar havia enterrado o talento. Curioso é o motivo de tal procedimento. Não tomou tal atitude por preguiça, mas por medo da severidade de seu Senhor. Em consequência, os dois primeiros foram elogiados e recompensados pela eficiente administração e o último foi demitido por “justa causa”. No tempo de Jesus um talento era uma soma considerável de dinheiro, e hoje pode ser interpretado em termos de dons ou carismas recebidos de Deus. O trecho demonstra que o importante é arriscar-se e lançar-se à ação em prol do crescimento do Reino de Deus, para que os dons que recebemos d’Ele possam crescer e se frutificar. De forma alguma se deve interpretar este texto “ao pé-da-letra”, como se ele tratasse de investimentos e lucros financeiros, pois ele é uma parábola, que é uma comparação usando imagens e símbolos conhecidos.
     Jesus confiou à comunidade cristã a revelação dos segredos do Reino e a revelação de Deus como o “Abbá”, ou querido Pai. Esse dom é um privilégio, mas também um desafio e uma responsabilidade. Nem a comunidade cristã nem o cristão individual podem guardar para si essa riqueza. Embora carreguemos “esse tesouro em vasos de barro” (cf. II Cor 4,7), como disse São Paulo, temos que partir para a missão, para que todos cheguem a essa experiência de Deus e do Reino. Não é suficiente que estejamos preparados para o encontro com o Senhor. O “outro lado da medalha” é a atividade missionária, que faz com que o Reino de Deus cresça, mediante o testemunho da nossa prática de justiça.
     O terceiro empregado, devolvendo ao Senhor o talento que recebera – nem mais nem menos – em termos de justiça está quite. Ele personifica os membros das comunidades que não traduzem em seus relacionamentos os dons recebidos de Deus ou daqueles que, observando rigorosamente a Lei, se consideram perfeitos cumpridores da vontade do Senhor, mas que, na verdade, desconhecem a exigência fundamental do Messias que é de gratidão e iniciativa. Por isso, são castigados por sua mediocridade. Enterrar os talentos é sinônimo de eximir-se da responsabilidade diante da missão que “o Ressuscitado confiou a Seus discípulos como Suas testemunhas e continuadores da obra que Ele mesmo recebeu do Pai: salvar a humanidade” (cf. At 1,6-11). Enterrar os talentos é privar a comunidade dos dons de que ela está necessitando.
A omissão é um pecado que prejudica a edificação da comunidade. É instalar-se para não correr riscos. Para aqueles que aderiram à fé, não basta ser bons evitando o mal a fim de serem aprovados como solícitos administradores dos bens do Reino. O que se exige de nós é a capacidade de correr o risco com responsabilidade e compromisso.
     Jesus nos alerta sobre a necessidade de vivermos o tempo presente numa fidelidade ativa como um preparo ao Juízo Final. Quando voltar, o Senhor recompensará os bons administradores com a salvação, isto é, com a alegria de Seu convívio na Jerusalém celeste. Portanto, não enterre o seu talento. Faça-o render a fim de que possa ser recompensado pelo Senhor quando chegar: “Muito bem, empregado bom e fiel. Tu foste fiel negociando com pouco dinheiro, e por isso vou pôr-te para negociar com muito. Vem festejar comigo!” (Mateus. 25.23)

(Mateus 25.14-30)

Autor Padre Bantu Mendonça

sábado, 12 de novembro de 2011

O Sermão da montanha é para nós um...


 “Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus”.
Mateus 5.3

     Evangelho desse quadragésimo quinto domingo do ano (32º domingo do tempo comum), conhecido como o chamado Sermão da Montanha faz parte do discurso inaugural do ministério público de Jesus, que se estende dos capítulos 5 a 7 do Evangelho de São Mateus. O de hoje é o primeiro dos cinco discursos que o evangelista distribui estrategicamente no seu livro.
     No texto destacamos dois elementos fundamentais: primeiro está o lugar de onde Jesus fala e o conteúdo do discurso. Depois de pregar nas sinagogas da Galileia, acompanhado de uma grande multidão, Cristo subiu ao monte para rezar, escolhe os doze apóstolos e depois chega a um lugar plano.
    Sentando ali, os discípulos do Senhor e toda a multidão se aproximam de Jesus. Então Ele, tomando a palavra, começa a ensinar: “Bem-aventurados os pobres em espírito porque deles é o Reino dos céus [...]“.
     A intenção evidente do evangelista é apresentar-nos um discurso completo. Há, portanto, aqui, uma unidade retórica; sendo este termo entendido não só como uso de figuras de estilo, mas, sobretudo, como forma de usar as palavras e construir o discurso visando cumprir um determinado objetivo, que neste caso é proclamar de um modo novo o Evangelho do Reino.
     Não há aqui espaço para uma interpretação detalhada do texto. Utilizaremos como marco hermenêutico a novidade que este sermão nos traz, advertindo desde já que, de maneira nenhuma, se trata de ruptura com o Antigo Testamento, mas sim do seu pleno cumprimento em Jesus Cristo. De fato, Ele declara: “Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas. Não vim revogá-los, mas levá-los à perfeição”. Levar à perfeição é o mesmo que dar pleno cumprimento, realizar plenamente.
     À semelhança de Moisés, que sobe ao monte Sinai para receber as tábuas da Lei que há-de comunicar ao povo de Israel (cf. Ex 19,3.20; 24,15), há quem veja na pessoa de Jesus um “novo Moisés” que surge como Mestre – não apenas de Israel – mas de todos os homens, chamados à vocação universal de serem discípulos de Cristo, pela escuta e vivência da sua Palavra: “Nem todo o que me diz: ‘Senhor, Senhor’ entrará no Reino do Céu, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está no Céu” Ou ainda: “Todo aquele que escuta estas minhas palavras e as põe em prática é como o homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha”.
     Jesus senta-se na “cátedra” de Moisés (a montanha) como o Moisés maior, que estende a Aliança a todos os povos. Assim, podemos ver o Sermão da Montanha como “a nova Torah” trazida por Ele.
      Devemos insistir, porém, que não se trata aqui de abandonar a Torah dada na aliança do Sinai. É sabido que o primeiro Evangelho foi escrito para uma comunidade de cristãos de origem judaica, enraizados e familiarizados com a Lei de Moisés que continuava a ser valorizada e praticada. A preocupação do evangelista é mostrar que, sem abolir nada do que Moisés tinha deixado, Cristo, com a Sua ação, o supera e leva à perfeição como só Ele pode fazê-lo, absolutamente melhor do que qualquer outro profeta.
     O que Mateus nos apresenta no texto de hoje não tenho nem sequer uma sombra de dúvida de que seja o anúncio de um novo céu e uma nova terra onde haveremos de morar. É como que a realização de todas as promessas e bênçãos de Deus nos discípulos da nova Aliança em Cristo, assim como no novo espírito com que se deve cumprir a Lei, concretizado nas práticas da esmola, da oração e do jejum.
    A atitude dos filhos do Reino traduz-se numa nova relação com as riquezas, com o próprio corpo, com as coisas do mundo e com Deus, a quem nos dirigimos como Pai e de cujo Reino se busca a justiça, antes de tudo.
Como não se pode dizer que se ama a Deus se não se ama os irmãos, não falta aqui a referência a uma nova relação com o próximo. Finalmente, o epílogo do Sermão da Montanha faz uma recapitulação e um apelo veemente a não apenas escutar a Palavra, mas a pô-la em prática de forma consciente e deliberada.
Procuramos, da forma mais breve possível, ver como em Jesus Cristo se cumpre a promessa de Deus ao povo de Israel em Deuteronômio 18,15: “O Senhor, teu Deus, suscitará no meio de vós, dentre os teus irmãos, um profeta como eu; a ele deves escutar”e a Moisés em Deuteronômio 18,18: “Suscitar-lhes-ei um profeta como tu, dentre os seus irmãos; porei as minhas palavras na sua boca e ele lhes dirá tudo o que Eu lhe ordenar”.
     Como acontece noutras passagens dos Evangelhos, também aqui Jesus Cristo anuncia o Reino dos céus. Esta é uma forma semítica de dizer “Reino de Deus” que está no meio de nós e se realiza plenamente no domínio ou reinado de Deus sobre todas as suas criaturas e na aceitação ativa, alegre e jubilosa desse reinado pelas mesmas criaturas, a começar pelo homem, criado à Sua imagem e semelhança.
    O Sermão da Montanha é então para nós um autêntico programa de vida cristã que não deixaremos de meditar e pôr em prática em todos os dias, pois ele compreende o anúncio do novo céu e da nova terra onde haveremos de morar.


(Mateus 5.1-12ª)


Autor Padre Bantu Mendonça